A ORIGEM DO CACHORRO QUENTE
Dizem que foi um alemão da cidade de Frankfurt
que gostava tanto do seu cachorrinho que quis homenageá-lo, inventando
alguma coisa diferente para comer. Então, ele inventou a salsicha
e a colocou no meio de duas fatias de pão para comer. No fim, o
sanduíche ficou a cara do tal mascote, que era um cachorro bassê,
daqueles que têm o corpo comprido feito salsicha.
Sendo assim, creditou-se à cidade de Frankfurt, Alemanha, como local
de origem da salsicha. A ponto de, em 1987, a cidade ter promovido
um evento em comemoração aos 500 anos da iguaria, que teria sido
inventada em 1484.
No entanto, algumas fontes indicam que o
verdadeiro criador do produto teria sido o açougueiro alemão Johann
Georghehner, da cidade de Coburg, no final do século 17. Ele teria,
então, viajado a Frankfurt para divulgar sua novidade.
Os moradores de Viena (Wien em alemão),
na Áustria, chamam a atenção para o termo “wiener” como forma de
provar que a invenção é deles.
Apesar da origem européia, a popularização
da salsicha ocorreu nos EUA, a partir da contribuição de açougueiros
europeus de várias nacionalidades que emigraram para aquele país.
Durante a Exposição Mundial de Colombo,
uma feira que aconteceu em 1893 na cidade de Chicago, EUA, para
comemorar os 400 anos de descobrimento da América por Cristóvão
Colombo, o consumo de salsicha explodiu. Os visitantes gostavam
do produto porque ele era fácil de comer, prático e barato.
No mesmo ano, salsichas tornaram-se o lanche
padrão nos estádios de beisebol. O dono de um bar em St. Louis,
Chris Von de Ahe, também proprietário de um time de beisebol, o
St. Louis Brown, teve a iniciativa de vendê-las nos locais dos jogos.
Os primeiros sanduíches
Não se sabe ao certo quem teria sido o
primeiro a servi-la com pão, mas um relato atribui a iniciativa
a um imigrante alemão que teria vendido os sanduíches num carrinho
de mão, durante a década de 1860, no bairro de Bowery, em Nova York,
conhecido pelos saloons e freqüência marginal.
Outro imigrante alemão, o açougueiro Charles
Feltman, vendia tortas utilizando um carrinho para circular pelas
ruas de Coney Island. Percebendo que não poderia competir com os
pratos quentes dos restaurantes, decidiu vender um pequeno sanduíche
com salsicha e pão, além da cobertura de mostarda e chucrute.
Em 1871, Feltman abriu uma banca, no mesmo
distrito de Nova York, e vendeu 3.684 unidades no seu primeiro ano
de trabalho. O sucesso inicial permitiu a Feltman abrir um restaurante,
o Feltman´s German Beer Gardens. Em 1913, ele contratou Nathan Handwerker
para ajudá-lo no restaurante por um salário de US$ 11 por semana.
Após Feltman aumentar o preço do sanduíche
de 5 para 10 centavos de dólar, dois clientes do restaurante convenceram
Handwerker a abrir o seu próprio restaurante e continuar vendendo
o cachorro-quente pelo antigo preço.
Além de manter os preços baixos, Handwerker
adotaria uma estratégia de marketing inovadora para popularizar
o seu restaurante: permitir que os médicos do hospital de Coney
Island comessem “hot dogs” de graça - desde que estivessem devidamente
vestidos com o uniforme do hospital. Assim, “atestavam” a salubridade
dos sanduíches.
Invenção
O hot-dog como o conhecemos hoje, com o
tradicional pão de cachorro-quente, foi introduzido pelo comerciante
de origem bávara Anton Feuchtwanger durante a Feira de Compras da
Louisiana, na cidade de St. Louis, em 1904.
Ele emprestava luvas brancas para que seus
fregueses pudessem comer as salsichas quentes e picantes que fazia.
A maioria das luvas não era devolvida e seu estoque começou a cair.
Assim, ele acabou pedindo ajuda ao seu cunhado, que era padeiro.
Este improvisou um novo tipo de pão que pudesse conter a salsicha.
Estava inventado o popular cachorro-quente.
Os americanos chamavam as “frankfurters”
de “salsichas dachshund”. Esta raça de cachorro, originária da Alemanha,
possui corpo comprido e pernas curtas, o que combinava bem com o
formato das “frankfurters”.
O nome “hot dog” começou sua história em
Polo Grounds, estádio dos New York Giants. Num dia frio de abril
em 1906, o comerciante Harry Stevens, responsável pelos alimentos
vendidos no estádio, não estava conseguindo vender sorvete e refrigerante
e mandou seus funcionários comprarem todas as salsichas e pães que
encontrassem.
Em menos de uma hora, eles estavam oferecendo
os sanduíches utilizando tanques portáteis com água quente e gritando
“They´re red hot! Get your dachshund sausages while they´re red
hot!”, numa tradução livre algo como “Elas estão pelando! Peguem
suas salsichas dachshund enquanto elas estão quentes!”
Ao mesmo tempo, o cartunista “Tad” Dorgan
estava na cabine de imprensa do estádio e quase no final do prazo
para enviar o seu cartum para a redação do jornal onde trabalhava,
o “The New York Journal”. Ao ouvir os vendedores ele fez um cartum
onde um cachorro bassê aparecia latindo, entre duas fatias de pão
e coberto de mostarda.
Nos seus cartuns, Dorgan ridicularizava
tipos alemães, os retratando como bassês falantes. Brincando com
a crença popular de que as salsichas vendidas em Coney Island contivessem
carne de cachorro e sem ter certeza de como escrever “dachshund”,
ele simplesmente colocou “Get your hot dog!”, ou “Pegue o seu cachorro-quente!”.
O cartum fez muito sucesso e o nome pegou.
No Brasil
Na década de 60, o cachorro-quente era
a grande moda entre os jovens paulistanos. Na Rua Augusta, ponto
de encontro mais badalado da cidade, funcionava a lanchonete “Hot-dog”,
famosa por seus toldinhos riscados de vermelho e branco.
Eram dois pontos que dividiam a atenção
e freqüência dos adolescentes: um, ao lado dos Cines Regência e
Picolin; o outro, ao lado do Cine Paulistano, próximo à Rua Oscar
Freire. Para acompanhar, nada de recheios exagerados: apenas os
tradicionais ketchup e mostarda.
Hoje, os jovens comem cachorro-quente na
saída de casas noturnas e boates, ou em almoços rápidos, como Cláudia
Regina Demarchi, 30 anos, estudante da USP. “Estava atrasada para
a aula e não dava tempo de almoçar de verdade”. Cláudia prefere
cachorro-quente aos fast-food tradicionais. “Sei que não é muito
saudável, mas é mais gostoso do que McDonald’s”, afirma.
Estatísticas
Os americanos consomem cerca de 20 bilhões
de hot-dogs por ano. Durante o campeonato americano de beisebol,
eles comem 26 milhões de hot dogs. Cada americano come, em média,
60 hot-dogs por ano.
Fontes: National Hot Dog and Sausage Council e Enciclopédia
Britannica.
Publicado no artigo “Alemães e austríacos ‘brigam’ por invenção
do hot -dog”, de GEORGES KORMIKIARIS - Banco de Dados.
|